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Dentro do nosso
abdômen, os nossos órgãos (intestinos, fígado, estômago, pâncreas) estão
cobertos por uma fina membrana que forma a cavidade peritoneal. É exatamente
esta fina membrana que se chama peritônio. O peritônio tem duas faces: a
visceral (que recobre os órgãos) e a parietal, formando uma bolsa.
A primeira coisa
que eu vou falar é que devemos cuidar da nossa diálise com todo amor e carinho.
É a nossa vida que está em jogo, não é a do seu marido, esposa, filho ou mesmo
seu cachorro... Ame-se! Cuide-se!
Porque eu digo isso?
O paciente renal tem que cuidar da sua alimentação, então, rola aquele
churrasco gostoso, com muito sal e muita bebida. Modere caso ainda não esteja
em diálise, mas caso esteja, coma somente o que sua nutricionista recomendou.
Engordar e inchar, é tudo o que não é permitido para o seu peritônio. Seus rins
terão que trabalhar mais e mais. Caso o paciente esteja no estado conservador,
mais rápido ele vai perdendo a função residual dos rins. E na diálise
peritoneal, o paciente ficará inchado e começará a ter alguns sintomas
desagradáveis. Ex.: pressão alta, cansaço, falta de ar, tosse, água no pulmão...
Não pense que na
hemodiálise será diferente!
Quando o médico
nefrologista recomendar ao paciente que faça a diálise peritoneal, ele terá um
treinamento de aproximadamente uns 10 dias, dado pela enfermeira responsável. Ele
e seu acompanhante aprenderão a lavar as mãos corretamente (sabe aquela lavada
de mãos de médico? Sim! É essa mesmo!). Aprenderão todo o manuseio com as
bolsas de diálise e dos suprimentos de diálise. Aprenderão como o quarto deverá
ser limpo e outras normas de higiene e assepsia.
Muito importante,
também, é como cuidar do óstio (entrada do cateter) que é a entrada principal
de bactérias no nosso peritônio.
Todo esse trabalho
de higiene é para que o paciente renal crônico, não tenha problemas com seu
peritônio, ou seja, a nossa grande vilã PERITONITE.
Sintomas da
peritonite: dor abdominal quando o dialisato está sendo infundido e, quando
drenado, o líquido apresenta-se turvo e, normalmente, o paciente tem febre. Outros
sintomas podem ser náuseas, vômitos e calafrios.
Não é porque o
paciente teve peritonite que ele terá que migrar para a hemodiálise. Muitos
pacientes têm peritonite e se curam com os antibióticos administrados pelos
médicos. São antibióticos fortes que requerem, depois, uma recuperação da flora
intestinal.
O peritônio, não
foi feito para fazer diálise. A sua função é proteger os nossos órgãos
internos. Mas foi uma solução para os pacientes que precisavam fazer diálise e
não podiam fazer hemodiálise.
Na diálise
peritoneal, nós pacientes renais usamos uma solução dialítica que têm uma
porcentagem de glicose. Para cada paciente há uma prescrição. Existem três
tipos:
Bolsa amarela 1,5% de glicose
Bolsa verde 2.5% de glicose
Bolsa vermelha 4,25% de glicose
É através da
osmose, que é a passagem de líquidos de um meio de menor concentração para um
meio de maior concentração que o peritônio retira as toxinas do sangue (ureia e
creatinina, principalmente), bem como o excesso de água do organismo. É através
da força exercida pela presença da glicose que o líquido em excesso é retirado.
A glicose puxa a
água de dentro dos nossos vasos de sangue para a cavidade peritoneal.
No início da minha
diálise, eu usava duas bolsas amarelas. Após a minha peritonite, a bolsa
amarela já não retirava a água como desejado. Desse modo, passei a usar uma
bolsa amarela e uma verde. Nessa época, eu urinava bastante o que compensava a
minha baixa UF.
Mais tarde, passei
a usar duas bolsas verdes.
Hoje, uso uma bolsa
verde e uma vermelha para ter um melhor resultado. Ou seja, meu peritônio está
exigindo mais glicose. E é o uso demasiado de glicose que vai danificando o
peritônio. Essa é uma das causas da perda do peritônio, mas isso não quer dizer
que acontecerá com todos os pacientes.
Eu tive uma
peritonite muito séria, recorrente, o que fragilizou o meu peritônio.
E isso significa
que eu não poderei mais usá-lo e, a partir de uma data indeterminada, terei que
ir para a hemodiálise. Já estou com a cirurgia marcada para fazer a fístula
(que demora cerca de dois meses para maturar).
A outra preocupação
é a chamada peritonite esclerosante encapsulante: uma entidade rara, muitas
vezes grave, caracterizada pelo envolvimento total ou parcial de alças do
intestino delgado por uma membrana de tecido fibroso.
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