Minha experiência na hemodiálise

No meu último post disse que começaria a escrever um pouco sobre a hemodiálise, pois teria que fazê-la enquanto aguardava o novo implante do cateter peritoneal.

A hemodiálise é algo novo para mim, e eu sabia muito pouco sobre o seu funcionamento. Vou descrever aqui um pouco da minha experiência.

Após uma grave peritonite, o médico achou por bem retirar o cateter peritoneal e como eu não poderia ficar sem fazer a diálise, porque meus rins funcionam muito pouco, iniciaria a hemodiálise.

Para poder fazer a hemodiálise o médico me colocou um cateter provisório. Após  o implante, o cateter foi testado e aprovado. Poderia começar a hemodiálise às terças, quintas e sábados.

Então fiquei deste jeito: na barriga com pontos da retirada do cateter da diálise peritoneal e com um cateter provisório para hemodiálise, aquele que fica na altura do pescoço.

Durante a hemodiálise, nos primeiros dias, dormi o tempo todo. Acho que queria descansar!


Cateter provisório
Acesso vermelho: Arterial
Acesso azul: Venosa

Cateter no pescoço

Cateter Permcath - cateter de longa permanência colocado no tórax e a cicatriz do cateter anterior

Para poder fazer hemodiálise o paciente precisa ter um cateter ou uma fístula. A fístula para hemodiálise é uma ligação entre uma pequena artéria e uma pequena veia, com a intenção de tornar a veia mais grossa e resistente, para que as punções com as agulhas de hemodiálise possam correr sem complicações. O procedimento é feito por um cirurgião vascular e com anestesia local. O ideal é que a fístula seja feita de preferência de 2 a 3 meses antes de se começar a fazer a hemodiálise. O tempo vai depender de cada paciente.

Mas o que vem a ser a hemodiálise?

A hemodiálise é um tratamento, onde uma máquina vai fazer o trabalho dos rins que não funcionam mais ou que funcionam muito pouco.

Mas será que essa máquina consegue retirar todas as toxinas do corpo: a água em excesso, ureia, creatinina, potássio e sódio limpando o seu sangue?

Infelizmente não são todos os pacientes que colaboram com a máquina de hemodiálise. Essa máquina trabalha muito bem para ajudar o paciente renal, porém, o próprio paciente precisa ajudá-la cuidando da sua alimentação e controlando o líquido ingerido, caso contrário o corpo do paciente renal ficará inchado! Consequentemente, o paciente terá que ficar mais tempo na máquina para poder dialisar toda essa água, bem como as toxinas resultantes de uma alimentação inadequada. Com isso, o paciente também poderá ter intercorrências, como queda de pressão arterial, náuseas, câimbras e dores de cabeça.

Será que vale a pena comer e beber em demasia?

Muitos pacientes em hemodiálise falam que não vão deixar de comer e beber o que gostam. "Mas vale um gosto que um vintém no bolso!" , costumam dizer alguns. Só alegria! E depois? Vale a pena passar mal enquanto faz a hemodiálise?

Conversando com muitos colegas de hemodiálise descobri que muitos não querem fazer o transplante renal porque se sentem bem fazendo a hemodiálise. Como sempre digo, não existem pessoas iguais: cada caso é um caso. Até, porque existem pacientes renais que não podem se submeter a um transplante por outros motivos, seja por doenças ou credo religioso. Esses pacientes vão passar o resto de suas vidas fazendo hemodiálise e, portanto, têm que aprender a conviver com isso.

Muitos pacientes começam a fazer hemodiálise por causa da diabetes e da hipertensão não controlada. Por isso, é importante consultar o seu médico e fazer um acompanhamento constante com os exames de creatinina e ureia que vão indicar como anda o funcionamento dos seus rins. Muitas pessoas não sabem que são insuficientes renais até chegarem a um hospital.

São pacientes que jamais suspeitaram que seus rins funcionassem mal. Nesses casos, o impacto psicológico é muito grande, quando a pessoa se vê diante da hemodiálise como única tábua de salvação. Eles precisam começar a dialisar, mas ainda não têm uma fístula. Então o médico implanta o cateter provisório. Desta maneira, o paciente pode iniciar o tratamento da hemodiálise imediatamente. O impacto emocional atinge não só o paciente, mas todos os seus familiares mais próximos. Mas, aos poucos, a situação vai se normalizando. Tanto o paciente como seus familiares vão perceber que a diálise é a única solução e é preciso encará-la com naturalidade.


Não é nada fácil, mas é um tratamento que nós, pacientes renais crônicos, temos.

Comentários

  1. Parabéns pelo post esclarecedor. As fotos ilustrando as informações conseguiram passar bem a ideia de como se dá o tratamento por hemodiálise. A pergunta é: dói?

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    1. Olá, Sueli!
      O implante do cateter é feito com anestesia local e na própria clínica de hemodiálise.
      A dor física no implante irá depender muito da sensibilidade de cada paciente. Uma leve dor por alguns dias é normal já que foi implantado um corpo estranho no nosso organismo.

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  2. Boa tarde.
    Muito bom esses esclarecimentos, achei bastante ingressante. Minha esposa na data de ontém fez sua primeira seção de hemodialise.
    Ela ainda está com o cateter no pescoço, tudo trancorreu sem nenhuma intercorrencia. Ela já manifestou o interesse pelo transplante, se depender somente de mim serei o doador.

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    1. Parabéns pela iniciativa. Espero que esteja tudo bem.
      Abraços.

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  3. Boa tarde, parabéns pelo texto esclarecedor, não é fácil se ver chegando a essa necessidade....mas temos que ter força para suportar o inusitado.
    Gostaria de saber se o
    Cateter de permicath pode substituir a fistula? Meu médico me indicou o cateter ao invés da Vístula. Obrigada!!

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    1. Boa noite!
      No meu caso foi implantado o Cateter Permcath porque eu queria retornar para a diálise peritoneal. Eu permaneci com esse mesmo cateter aproximadamente por 7 meses.
      Conheci pacientes que ficaram bastante tempo com o Cateter Permcath. É necessário bastante cuidado para não pegar bactérias para não perder o acesso.
      Eu preferi o cateter a Fístula.
      Boa sorte!

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  4. Boa noite! Não tive a mesma sorte com Minha Mãe, após uma infeção intestinal , seus rins começaram a falhar, passou mal como diarreia e vômitos,! Procuramos o hospital da cidade e o mesmo realizou exames de sangue e urina nos quais apresentaram alterações nas plaquetas e creatinina! Fomos encaminhados para um outro hospital na cidade que é o especialista em Nefrologia ! Minha Mãe ficou 3 dias internada e não conseguiram descobrir oque estava causando essa paralisação dos Rins e logo submeteram Ela a hemodiálise, Eu como filho e preocupado, alterei todo procedimento da cirurgia do S.U.S para Particular , para tentar evitar erros médicos, porém ao fazerem a cirurgia para colocar o cateter , romperam a veia do lado direito, tentaram novamente o procedimento com o lado esquerdo e conseguiram , e resolveram realizar a hemodiálise após a cirurgia , com muitas intercorrencias, como queda de pressão, etc.... resolveram parar com o procedimento e a levaram pro quarto ! A minha lindeza chegou com pescoço enfaixado e com muita tristeza no olhar, conversei com Ela pouco tempo e logo após de dizer que a Amava , começou a sentir aperto no pescoço e com falta de ar ( tipo como se alguém tivesse apertando a traquéia dela ) , gritei, chamei os enfermeiros , tentaram me ajudar e depois de uns minutos sem sucesso, corremos com Ela para O U.T.I e de joelhos pedi a Deus para que não a Levasse , entrou em coma por causa de falta de oxigênio no cérebro, afetando no tronco cerebral e após 2 meses , de luta ! Deus a levou!! Entrou no hospital para tratar uma infeção intestinal, que desencadeou uma paralisação renal e com uma negligência médica, fez com que Nos perdessemos oque tínhamos de maior valor!! Que sirva de alerta à todos , procure saber se o médico que você está pagando, possui uma equipe de preparo para tal ocorrência! Pois com Minha Mãe, foram residentes que fizeram procedimento do cateter , e com o erro Deles, sabendo que após uma complicação de rompimento de veia , ainda dar seguimento a hemodiálise ( pois usa se heparin) e esse medicamento ajuda o sangue ficar ainda mais ralo e no caso da minha Mãe, como estava rompido , o sangue estava vazando internamente, ou seja ,sem coagulacao , a hemorragia na traquéia, coagulou após não ter pra onde sair e fez com que obstruisse a passagem de ar , onde a respiração foi bloqueada! Se ao menos tivessem a levado ao U.T.I após a cirurgia para ficar de observação,e Eu tive que assistir tudo isso , ver minha Linda Mãe morrer nos meus braços e pedindo socorro ! Acredito que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus , por isso prefiro acreditar que foi propósito Dele!! Mas, que fique este alerta a todos!! Antes de procurar um profissional, verifica sua ficha e a sua equipe de trabalho!! Tem muitos ai trabalhando em prol de $ e se tudo der errado , fazer oque ne !! Pelo menos tentamos .... Mas O nosso Deus nao dorme jamais .......graça e paz Amados.

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    1. Alexandre, sinto muito pela sua mãe. Sei muito bem o que é não confiar em médicos... Fiz HD e hj faço a peritoneal, sofri muito em relaçao aos cateteres ... Só Deus sabe... Nem anestesia geral me deram, sofri em todas as cirurgias e hj me recordo com dor e medo de cada uma delas... Sua mãe esta com Deus

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  5. Conteúdo explicativo, as pessoas podem ter uma ótima noção com ótimas bases para se reacostumar com o novo normal no dia a dia.
    Deus continue te abençoando, perseverança nos ajuda a não desanimar da alegria nas pequenas coisas e a resolver problemas que todos têm algum problema.
    ATT.

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