5 anos de Diálise Peritoneal


5 anos de Diálise Peritoneal

 

É incrível como o tempo passa...

Hoje, dia 1º de junho de 2020, faz 5 anos que iniciei a diálise peritoneal.

Durante cerca de 15 anos fiquei no estado conservador sempre com o acompanhamento do meu nefrologista.

O que é estado conservador? É uma etapa na qual você sabe que tem alguma doença que afeta os seus rins e você vai cuidar rigorosamente do seu organismo com a alimentação, exercícios físicos e cuidar principalmente do seu estado emocional, a fim de preservar ao máximo o funcionamento dos rins.  Isso vai ajudar muito a retardar a entrada do paciente na diálise.

Como a minha doença renal é de rins policísticos e, em consequência disso, eu era portadora de aneurisma cerebral, o nefrologista me alertou que eu deveria fazer a diálise peritoneal, uma vez que a substância Heparina (anticoagulante) empregado na hemodiálise poderia causar sangramento fatal.

Assim, fui encaminhada para a diálise peritoneal, onde, primeiramente, a enfermeira especializada me explicou como era esse tratamento que eu desconhecia e me deu o treinamento necessário.

Achei muito legal o funcionamento. Quantas doenças que conhecemos que não tem tratamento.

Através de uma máquina cicladora, que uso todas as noites, meus rins ficam limpos de toxinas. A máquina faz o trabalho dos meus rins. Sendo assim, é interessante que durante o dia eu mantenha os meus rins o mais longe possível de alimentos que os prejudiquem, como os embutidos (salame, presunto, frios em geral), produtos enlatados,  vísceras de animais e aves, refrigerantes etc., uma vez que todos eles contêm muito fósforo o que acarreta num prejuízo enorme para o nosso organismo. Quando os rins não funcionam, o fósforo se acumula no organismo. Esse fósforo enfraquece os ossos e os dentes e pode dar muita coceira na pele. Infelizmente, todos os alimentos industrializados contêm fósforo, que é o seu principal ingrediente conservante.

O ideal é ter o acompanhamento de um(a) nutricionista que nos dará o caminho certo. Afinal um paciente é diferente do outro.

Eu estou na fila de transplante desde que iniciei a diálise e ainda tem muita gente na minha frente, apesar que não se trata de uma fila, mas de uma lista, onde o paciente será chamado para transplante por sua compatibilidade total com o doador. Eu acreditava que após cincos anos que se passaram eu já teria realizado o meu transplante, mas pelo jeito terei que aguardar mais.

O ideal seria que mais famílias se conscientizassem e se dispusessem a doar os órgãos de seus familiares falecidos a fim de salvar mais pessoas que necessitam de um transplante para poder sobreviver.

E agora, temos o Coronavírus (COVID-19) que amedronta a população mundial, fazendo com que diminua a quantidade de transplantes realizados.

Durante esses anos aconteceram muitas coisas em minha vida:

1999 – AVC isquêmico em consequência do aneurisma que quase todos os portadores de rins policísticos possuem.

2015 – Início da DPA – Diálise Peritoneal Automatizada.

2016 – Peritonite com retirada do cateter.

2016 – Implantação do cateter Permcath para iniciar Hemodiálise.

2016 – Hemodiálise durante 7 meses.

2017 – Duas embolizações de aneurismas cerebrais (platina e stent).

2017 – Implante do cateter Swan Neck para retornar à diálise peritoneal.

Desde 7 de abril de 2017 retornei à diálise peritoneal.

Qualquer tratamento para qualquer doença requer muita paciência, seja do próprio paciente ou da pessoa próxima que o auxilia.

Na terapia da diálise peritoneal pode ser muito tranquila, mas também pode acontecer algumas coisinhas...

Certa vez, eu já tinha feito todos os procedimentos para iniciar a diálise. Não é que a cicladora acusou um erro e eu tive que recomeçar do zero! Acontece... Paciência.

Todos os dias, sim, todos os dias o paciente da diálise peritoneal fará todos os procedimentos. Sim, tudo igual, dia após dia! Eu sempre falo que vira uma rotina, assim como escovar os dentes.

Falo e repito que a insuficiência renal crônica não tem cura. Entretanto, nós temos tratamento, podendo ser a diálise peritoneal, hemodiálise e o transplante renal. 

Algumas pessoas nem chegam a fazer a diálise, conseguem logo um transplante renal, geralmente, de um membro da família onde a compatibilidade será sempre mais próxima. 

Após o transplante, o paciente deverá continuar a se cuidar. Ele deverá tomar imunossupressores o que ocasionará uma imunidade menor, o que poderá trazer ao paciente uma sensibilidade maior ao corpo facilitando a entrada de gripes e outras doenças virais. Paciência...

Vamos em frente e se Deus quiser tudo dará certo!


Comentários

  1. Oi Helia...que legal achar o seu blog... estou na hemodiálise há 5 anos e na sexta implantei o cateter para ir para a peritoneal. Uso permicath pois não tenho acesso para fístula. Espero me adaptar à peritoneal e ter mais qualidade de vida até o transplante

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    1. Olá, Bárbara!
      Com certeza você vai gostar da diálise peritoneal. Você vai fazer todos os dias, mas será em sua casa. Você pode até viajar levando o equipamento e os ensumos. Na Clínica você irá uma vez ao mês para consulta.
      Infelizmente, eu que gosto muito da peritoneal, após 5 anos, terei que ir para a hemodiálise. Dia 1º de outubro, fiz a fístula arteriovenosa. Agora, é aguardar maturar.
      Cuide muito bem do seu cateter da peritoneal e da higiene para não pegar peritonite. Não relaxe... não diga que comigo não vai acontecer... siga as recomendações do seu médico e de sua enfermeira. No final, tudo vai dar certo!

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  2. Oi Helia! Tudo bom? Achei seu blog por acaso... Estava fazendo pesquisa sobre hemodiálise. Meu marido fez diálise peritoneal durante 2 anos, depois de peritonite recorrente, agora teve que passar para hemodiálise 3x por semana... Ele pergunta porquê vc passou novamente de hemodialise para peritoneal... Poderia explicar? Obrigada por suas partilhas e um beijo de Portugal

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    1. Olá, Susana, tudo bem?
      Comigo aconteceu a mesma coisa que o seu marido. Com menos de 2 anos eu peguei peritonite, fiquei internada, tomei antibióticos e fui liberada. Pouco tempo depois peguei novamente (peritonite recorrente).
      Meu médico decidiu retirar o cateter para ver como estava, talvez estivesse com fungos, mas não foi encontrado nada. Já tinha tomado muitos medicamentos. A única saída era ir para a hemodiálise.
      Assim meu peritônio poderia descansar e um novo cateter seria colocado do outro lado.
      Para tanto foi implantado um cateter Permcath e fui para a hemodiálise durante 7 meses.
      Para que eu voltasse à diálise peritoneal foi colocado um novo cateter (Swan Neck) agora do lado direito. Desde o meu retorno à diálise peritoneal, nunca mais tive problemas com o meu óstio. Nada de peritonite.
      O que acontece no momento é que eu vou pra hemodiálise, porque meu peritônio está cansado! Já uso muito as bolsas vermelhas para poder drenar melhor e praticamente não urino.
      Eu só não fui antes por causa da pandemia.
      A minha fístula está pronta para uso e acredito no dia primeiro de setembro estarei na hemodiálise, 3 x por semana, 4 horas por dia.
      Quanto a sua pergunta, acredito que seja a opinião de cada médico. Na época eu urinava muito o que me ajudava a não inchar.
      Qualquer dúvida, pergunte, estarei por aqui.
      Um beijo
      Helia

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  3. Oi Hélia como vc está hoje? 2023 ?
    Seu blog é uma benção

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    1. Boa noite!
      Fico feliz ao saber que o meu blog é uma benção. Você faz diálise? O blog te ajudou?
      Eu migrei para a hemodiálise em setembro de 2021. Estou respondendo bem ao tratamento, 1 ano e meio. É bem diferente da diálise peritoneal.
      Dia 01/06/2023 seriam 8 anos de diálise peritoneal! E continuo no aguardo de um transplante renal.
      Obrigada pelo carinho.
      Beijos
      Helia

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