Insuficiência Renal Crônica X Insuficiência Cardíaca




Insuficiência Renal Crônica X Insuficiência Cardíaca

Faz 4 anos e meio que me deparei com a Insuficiência Renal Crônica, estágio 5, e precisei iniciar o meu tratamento substitutivo renal. Comecei a fazer a diálise peritoneal.
Até aí, eu acreditava que faria a diálise e aguardaria a minha vez na fila do transplante renal. A fila em São Paulo não é pequena. Eu me inscrevi na lista após iniciar a diálise peritoneal. Após mais de 4 anos, ainda aguardo pelo transplante.

O que eu não sabia, era que eu poderia desenvolver insuficiência cardíaca. Sempre trabalhei muito com o meu coração, andando de bicicleta, nadando, correndo e praticando esportes. Ainda bem que aproveitei!

Era um dia de calor extenuante, eu não conseguia respirar, a fadiga, o cansaço era grande. Ao fazer alguma coisa eu já cansava. Na clínica de diálise fui diagnosticada com água nos pulmões. Eu apresentava sinais de inchaço e peso acima do ideal. Passei a obedecer a uma restrição hídrica, devendo ingerir no máximo 1 litro de líquidos por dia e deveria perder peso utilizando com mais frequência a bolsa de concentração 4,25% de glicose e dieta alimentar
.
Em seguida fui ao cardiologista. Fiz um raio X dos pulmões e um exame de ecocardiograma. O raio X confirmou uma pequena quantidade de água nos pulmões, mas o pior foi o resultado do ecocardiograma que detectou “coração fraco” (fração de ejeção do ventrículo esquerdo igual a 28, quando o valor mínimo desejável é 54).

“Os rins têm total ligação com o aparelho cardiovascular. O sangue bombeado pelo coração precisa ser purificado nos rins. E para o rim funcionar, ele precisa da circulação correta do sangue. Por isso, muitas vezes o paciente renal crônico também tem alterações cardíacas”, detalha a médica Shirley Damasceno

Na Insuficiência Renal Crônica, os rins reduzem a capacidade de eliminação do potássio. Todo paciente com doença renal crônica deve ter cuidados para manter o potássio no sangue dentro dos valores considerados normais (3,5 a 5,0 mmol/L) porque a falta ou o excesso enfraquecem o coração, podendo alterar o ritmo dos seus batimentos e levar até a morte súbita.

Uma das explicações para o aparecimento de complicações cardiovasculares nos pacientes com DRC é uma maior prevalência dos fatores de risco tradicionais nesta população.

No grupo de pacientes que necessitam de alguma forma de reposição de função renal surgem novos fatores de riscos, estes associados diretamente a queda da filtração glomerular: ativação do sistema renina-angiotensina, aumento de fluído extracelular, metabolismo anormal de cálcio e fósforo, anemia, má nutrição, aumento do estresse oxidativo, inflamação crônica, níveis elevados de homocisteína, alterações diretas das toxinas urêmicas e alterações do sistema trombótico.

Recentemente Schrier et al formularam o conceito de uma "síndrome cardiorrenal" baseado nos dados que sugerem uma via de sinalização neuro-humoral entre os dois órgãos. Isto reflete uma via de duplo sentido entre a disfunção renal e cardíaca.


Relação entre a doença renal crônica e a doença cardiovascular
(TFG: Taxa de Filtração Glomerular; IAM: Infarto Agudo do Miocárdio;
AVC: Acidente Vascular Cerebral; ICC: Insuficiência Cardíaca)

Crédito: Alexandre Manoel Varela; Roberto F. S. Pecoits Filho

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