3 anos de diálise peritoneal




1º de junho de 2018 – completo três anos como paciente renal crônica em tratamento de diálise peritoneal.

Toda essa trajetória não foi fácil. É difícil iniciar um tratamento que requer muita disciplina, higiene e preparação psicológica, porque sempre há um dia em que o paciente não está nem um pouco paciente para aceitar esse obstáculo em sua vida.

Durante todo o meu tratamento em diálise peritoneal e hemodiálise, eu também tinha outro problema bem sério: aneurismas cerebrais

Esses aneurismas deveriam ser “eliminados” para eu poder realizar no futuro um transplante renal.

Em 2017, nos meses de setembro e outubro realizei as duas embolizações, uma em cada mês. A primeira cirurgia demorou mais de quatro horas! A segunda embolização foi mais rápida e também recebi menos contraste.

A embolização é um procedimento feito por meio de cateter introduzido através de uma pequena punção na artéria femoral (virilha) por onde se introduz um micro cateter conduzido até o interior do saco aneurismático. Através desse cateter são introduzidas finíssimas espirais de platina que preenchem todo o aneurisma, impedindo a entrada de sangue e fazendo que, com o tempo, ele seja necrosado.

Após seis meses da cirurgia, fiz uma nova angiografia cerebral para confirmar se estava tudo bem. Ufa, está tudo bem!

Em 2015, quando iniciei a diálise peritoneal tomei muito cuidado, principalmente com a higiene para não pegar uma peritonite. Mesmo assim, peguei uma peritonite bem forte. Fiquei internada por duas vezes. Foi tão forte que o médico pediu que fosse retirado o cateter de Tenckhoff (situado no abdômen).

E agora? Sem o cateter como iria fazer a diálise? Solução: hemodiálise.

Enquanto o peritônio se recuperava, eu fiz sete meses de hemodiálise.  Nesse período em que passei pelo tratamento com hemodiálise não foi necessário fazer a fístula. O médico implantou um novo cateter na região do pescoço para que pudesse ser realizada.

Alguns dias depois, o cateter foi retirado e implantado um novo, chamado Permcath, que é um cateter de longa permanência implantado em veia central, geralmente a veia jugular do pescoço ou outras veias como a subclávia que fica no tórax embaixo da clavícula (meu caso) ou na femoral que fica na virilha.

Ainda durante o período de hemodiálise foi implantado um novo cateter no abdômen, para eu poder retornar à diálise peritoneal.

Sou portadora de rins policísticos e o cateter mais indicado é o Swan Neck (também chamado de “rabinho de porco”).  Depois do implante, para retornar à diálise peritoneal o cateter precisa de um tempo de aproximadamente quinze dias para começar a ser utilizado.

Desta forma, continuei na hemodiálise até o dia em que pude retornar à terapia em minha casa. Mesmo assim, continuei com os dois cateteres. Assim que o médico achou prudente, ele retirou o cateter Permcath e fiquei somente com o Swan Neck no peritônio.

Depois de tantas batalhas, já faz mais de um ano que retornei a diálise peritoneal. Até agora, felizmente, não tive nenhuma intercorrência, a não ser sangramento na urina por duas vezes em virtude do rompimento de algum cisto.

Coisas de quem tem rins policísticos...

Comentários

  1. Você é um exemplo de força e determinação ao enfrentar tudo isso ....vc é um ser excepcional ao contar sua trajetória pois ajudará muitas pessoas que passam pela mesma situação. Parabéns pelo blog que esclarece os procedimentos ;paz e muitas bênçãos pra vc amiga !!Bj

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    1. Obrigada. Eu procuro através do meu aprendizado ajudar quem está na mesma situação que eu, sendo o paciente ou familiar. Sou resiliente e acredito que tenho ajudado muitas pessoas e isso é recompensador. Bjs.

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  2. Eu estou a dois meses fazendo diálise peritoneal. Nunca fiz hemodiálise, tenho muito medo. Por isso cuido muito bem da higiene na hora de fazer a diálise. Eu tenho uma doenca hereditária que afeta diretamente os rins. Descobri eu tinha 26 anos, hoje tenho 34. É uma doenca degenerativa e auto imune. Um dia ou menos dia eu ia perder meus rins. E esse dia chegou. Me adaptei bastante a diálise, já virou rotina. O cateter me incomoda um pouco. Mas ainda estou na fase de adaptação. Mas de resto está correndo tudo bem. Estou na fila de transplante e meu marido vai ver a nossa compatibilidade. Adore seu blog. Parabéns. Bjs

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    1. Bom dia, amiga da peritoneal!
      Eu também descobri minha doença aos 26 anos.
      É incrível como conseguimos tirar forças lá do fundo e usá-las da melhor forma possível.
      Você vai até esquecer que tem um cateter no abdômen e vai fazer tudo o que gosta.
      Eu já viajei levando o material para os dias planejados.
      Um beijo e tudo de bom pra você!

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  3. Bom Dia. Minha Sogra esta para começar a fazer a dialise peritoneal, estamos em duvida de como acondicionar o material recebido , se podemos guardar em armário, se temos que construir um ambiente especial para guardar o mesmo. Como Não conheço ninguém que faca para me basear, gostaria de uma orientação sua neste sentido. desde já agradeço e parabéns pelo blog

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    1. Boa noite, Guimarães!
      No próprio blog há sugestões de acondicionamento dos materiais utilizados.
      Há duas postagens com os títulos:
      "Baxter confiabilidade e pontualidade" e "Dicas sobre o material utilizado".
      Em resumo: se você tiver disponível uma cama de solteiro com um estrado bem resistente pode ser uma solução. Outra alternativa é fazer pallets como mencionado na postagem.
      Um abraço. No final tudo dará certo!

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