Hemodiálise x Diálise Peritoneal


Poltrona e máquina de hemodiálise

Como é o dia do paciente renal na hemodiálise?

A clínica onde faço hemodiálise tem três turnos. Eu faço no período da tarde que se inicia às 11 horas da manhã e termina às 15h. No meu caso faço somente três horas, então o meu tratamento termina às 14h. O que eu não gosto neste tratamento é que ele me deixa muito cansada e, ao chegar em casa, tenho que deitar e descansar. No início eu só queria comer e dormir.

Antes de entrar na sala de hemodiálise, todos os pacientes têm que se pesar numa balança de alta precisão e lavar as fístulas. No meu caso, eu só tenho que me pesar. Nós, pacientes renais, temos que manter o peso seco. Mas, o que vem a ser isso? É o peso ideal recomendado pelo médico para cada paciente, ou seja, é um peso no qual o  paciente tem que se sentir bem (sem inchaços e com a pressão arterial boa). A máquina de hemodiálise tem que retirar todo o excesso de peso acima do recomendado. Quanto mais o paciente excede em peso desnecessário, mais sofre na hemodiálise.

Balança digital de alta precisão

Eu faço o possível para não ganhar peso extra porque eu sei que o peso em excesso vai fazer com que eu "sofra" na máquina, podendo provocar queda de pressão, câimbras,náuseas e vômitos.

Esse peso seco deve ser alcançado ao final de cada sessão de hemodiálise.

Eu tento aproveitar as minhas três horas. Leio, faço palavras cruzadas, assisto filmes, converso com os meus colegas de hemodiálise, tento dormir (muitos deitam e dormem durante toda a sessão e eu não consigo), como o meu lanchinho e, quando percebo, os enfermeiros já estão me desconectando da máquina. Até depois de amanhã!

Isso! São três vezes na semana! No meu caso, perco praticamente o dia, porque acordo, tomo o meu café da manhã, preparo meu lanche pra comer durante a hemodiálise e já está na hora de ir pra clínica. No retorno pra casa, sempre descanso um pouco e a tarde já chega ao fim. Vou fazer o jantar e já está na hora de tomar banho e descansar novamente.

Faz sete meses que estou fazendo a hemodiálise e na clínica, toda a equipe médica, enfermeiros e funcionários são carinhosos, atenciosos e bem bacanas. Tivemos até Carnaval!

Decoração de Carnaval na clínica

A hemodiálise é bem diferente da diálise peritoneal. 

Muitos não querem fazer a diálise peritoneal porque preferem que outras pessoas (no caso os médicos e enfermeiros) fiquem responsáveis pelo seu tratamento. Neste caso, o paciente será responsável somente pelos cuidados com a fístula ou o cateter.

Muitos não têm também um ambiente adequado, seja moradia, família ou higiene para fazer a peritoneal.

Na peritoneal o paciente é o único responsável pelo procedimento. A não ser que tenha alguém que o auxilie, que também será responsável.

O acompanhamento médico é feito uma vez ao mês na clínica.

O convívio com outros pacientes da hemodiálise tem um aspecto humano bem interessante: há uma grande solidariedade entre todos eles. Todos conversam muito, trocam ideias e sabem que estão ali lutando pela vida.

Mas, há também um outro lado, que não é nada agradável: ver pessoas chegando em macas, em cadeiras de rodas, pessoas amputadas em consequência da diabetes, pessoas que perderam a visão parcial ou totalmente, pessoas que não têm chance alguma em fazer um transplante renal e estão ali apenas para tentar sobreviver mais um pouco...

Os pacientes da diálise peritoneal, em geral, desconhecem esse quadro assustador. É preciso que tenhamos a consciência de que há muita gente em situação muitíssimo pior do que a nossa e que podemos nos considerar felizes em fazer a diálise peritoneal no aconchego da nossa família.

Uma das decorações do “carnaval da hemodiálise”

Nós, pacientes renais, somos Super-Heróis!! Não seríamos tão fortes, sem a força dos nossos amigos médicos, enfermeiros e funcionários que nos apoiam no nosso dia-a-dia.

Muito obrigada!

Comentários

  1. Oi! Tô adorando ler seu blog. Meu sobrinho de 3 anos tem síndrome nefrótica e faz hemodiálise desde 2 anos. Agora ele vai pra diálise peritoneal. Ele já está na fila do transplante. Muito bom ler relatos de pessoas que passam pelas mesmas coisas! A gente as vezes acha tudo tão complicado e acha que só acontece com a gente né, no caso, com nosso neném!
    Desejo tudo de bom pra você e tenho certeza que a luta é grande, mas você consegue!

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    Respostas
    1. Olá! Fico contente em ajudar, mesmo de longe, mesmo que seja um pouquinho!
      Os pacientes renais crônicos passam por muitas dificuldades com o passar dos anos.
      Quando fiz hemodiálise conheci muitas pessoas de diferentes raças, credos religiosos e idades que apresentavam doenças em vários estágios. Aprendi muito com cada uma delas!
      Sinto muito por seu sobrinho, com tão pouca idade já ser submetido a hemodiálise e agora pela diálise peritoneal.
      A doença renal tem solução! Em breve ele fará um transplante e poderá aproveitar a vida como uma criança merece!

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