Convivendo com o cateter

Eu ficava pensando qual roupa seria mais adequada para usar após o implante do cateter de Tenckhoff. Pode parecer bobeira pra quem não tem um cateter na barriga... Mas o cateter é implantado próximo ao umbigo, ou seja, exatamente na altura da cintura de uma calça jeans. Dessa forma, o tecido vai acabar machucando o óstio (local onde o cateter se junta com a pele e sai fora do corpo).  Com o tempo vai se formar uma espécie de “umbigo” no lugar do óstio, indicando que o cateter já está fazendo parte do corpo. Mas isso demora um pouco e, enquanto essa modificação não ocorre, o óstio necessita de muitos cuidados. 

Como o óstio é uma das portas abertas para a temível peritonite*, ele deve ser cuidadosa e suavemente lavado com sabonete neutro na hora do banho e delicadamente seco com toalha de uso único ou toalha de papel.  As casquinhas que se formam devem ser tiradas durante o banho com muito cuidado. (*) Sobre a peritonite - que eu nunca vou querer ter - falaremos oportunamente.

Para passar o dia, o mais recomendável  é fazer uma proteção com gase com um pequeno corte para envolver o óstio e prender essa gase com esparadrapo Micropore.

Meia compressa de gase, dobrada em quatro partes,

 com um pequeno corte para envolver o cateter.

Para um serviço rápido e bem feito, a solução é ter alguém que ajude. 

No meu caso é o meu marido. 

Mais duas tiras de esparadrapo, sendo a primeira a uns 3 centímetros do óstio e outra na curva do cateter, complementam a proteção. Sempre deve se observar que essas tiras de esparadrapo envolvam o cateter antes de aderir à pele.  Colocadas dessa forma, as tiras vão funcionar como um “freio” para que um movimento mais brusco com o corpo não ofenda o óstio.

Repare que o esparadrapo se fecha firmemente em torno do cateter

 antes de aderir à pele.

Mas o melhor mesmo é você ter sempre em conta que há algo estranho fazendo parte do seu corpo e permanecer sempre “ligado” para que nada aconteça.

O cateter fica literalmente “dependurado” no óstio e tem em sua extremidade, uma peça de titânio que se acopla ao “equipo de transferência” (um prolongamento do cateter). Portanto, ao todo, são 45 centímetros dessa “mangueirinha” que temos que acomodar sob a roupa.

Existem cintas apropriadas para acomodar esses 45 cm de cateter que ficam sobrando pra fora, mas elas acabam se tornando inconvenientes porque tendem a mudar de lugar com o movimento do corpo, repuxando o óstio. Pra mim não deu certo.

Hoje eu gosto de usar vestidos mais largos com maior frequência, pois não machucam o óstio e disfarçam muito bem.  Gosto também de shorts ou calças com cintura que podem ser ajustadas de acordo com o meu peso usados com blusa mais folgada.

Outro problema é a  “barriguinha”!! Imagine dois litros do soro dialítico que entra no seu peritônio, fica em permanência por um determinado tempo, e que depois é drenado. Isso em vários ciclos (dependendo do paciente). Resultado: você acaba ficando com aquela barriguinha de bebedor de cerveja que nenhuma mulher gosta de ter! Um dia a calça fecha e outro dia não!

Como vou ter que conviver com isso durante alguns anos até conseguir um rim, ainda vou descobrir o que fazer!                                                                                                                               
Quais são os cuidados que o paciente em diálise peritoneal precisa tomar?

Vou repassar os cuidados que a minha enfermeira da Clínica de Diálise recomendou.

• Tomar banhos todos os dias.

• Lavar sempre as mãos antes de manusear o equipo do cateter bem como o local de saída e manter o cateter sempre fixado para evitar tracionamentos.

• Inspecionar diariamente o local de saída do cateter quanto a sinais de infecção: vermelhidão, calor, dor, edema e secreção.

• Não movimentar ou torcer o cateter.

• Manter a ponta da extensão universal fixada. Durante o banho, o jato de água deve ser direcionado de cima para baixo. Com uma gaze ou com a mão limpa e sabão neutro fazer a limpeza do óstio do cateter com movimentos giratórios.

• Nunca remover crostas ao redor do cateter. Amolecer as crostas no banho com água e sabão, caso não saia umedecer uma gaze com água e manter por 2 minutos sobre o cateter. Lavar após.

• Retirar a crosta cuidadosamente sem forçar; caso a crosta não saia de imediato, repetir este procedimento toda vez que tomar banho. Lembre-se: a crosta deve sair naturalmente.

• Local de saída ideal (óstio): bem cicatrizado e sem a presença de crostas e ou secreções purulentas.

• Após o banho, o orifício de saída deve ser seco com uma toalha limpa e seca de uso único.

• Fixar o cateter com uma fita adesiva ao abdome, dois dedos abaixo do orifício de saída respeitando a posição do implante.

• Não fixar o cateter abaixo da linha de cintura. Lembre-se: respeite a posição de implante para que não ocorra trauma.

• Não é necessário o uso de tesouras para cortar a fita adesiva para fixação do cateter. Mantenha objetos cortantes longe do cateter.

• Não usar cintos e roupas apertadas sobre o orifício de saída do cateter.

• Não é recomendado uso de banheira, banho de mar ou piscinas.

• Funcionamento adequado do cateter deve ocorrer sem resistência.

• Mantenha o ambiente e os materiais utilizado na diálise sempre limpos.

• Não esqueça o uso da máscara de forma adequada (cobrir nariz e boca).

• Não permitir que pessoas não treinadas manipulem o cateter e realizem as trocas de bolsas.